Um jovem de 20 anos, identificado como Yago Gabriel Pires da Silva de Oliveira, morreu durante uma operação policial realizada na manhã de terça-feira (7) no bairro Parolin, em Curitiba. A ação envolveu forças da Polícia Militar e da Polícia Civil e tinha como objetivo cumprir mandados de busca e apreensão relacionados a uma investigação sobre armas, drogas e câmeras de vigilância usadas por grupos criminosos para monitorar a movimentação policial.
A operação ocorreu em resposta a um caso registrado em maio deste ano, quando tiros atingiram o prédio do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). As investigações apontaram que os disparos foram resultado de uma disputa entre facções pelo controle do tráfico na região.
Segundo a Polícia Militar, Yago estava em um barracão alvo da operação e teria recebido os agentes a tiros, portando uma pistola com seletor de rajadas e carregador estendido. A corporação afirma que houve reação policial para preservar a vida dos agentes, e que os militares ainda tentaram socorrer o rapaz após ele ser baleado.
No entanto, vídeos gravados por familiares mostram outro cenário: nas imagens, Yago aparece ajoelhado, ferido e sendo arrastado por um policial dentro do barracão. Outro agente observa a cena. Pouco depois, ele é encontrado morto.
A divulgação das imagens provocou forte repercussão e levou a manifestações políticas e pedidos de apuração.
Deputados pedem investigação e questionam conduta policial
O deputado estadual Goura (PDT) encaminhou um ofício à Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) pedindo esclarecimentos sobre a morte de Yago. No documento, o parlamentar solicita informações sobre quais órgãos participaram da operação, sob qual comando, se houve perícia técnica, e se a Corregedoria da PM instaurou procedimento disciplinar.
O deputado Renato Freitas (PT) também se pronunciou, afirmando que familiares de Yago relataram ter sido ameaçados e que celulares e computadores foram recolhidos após a ação. Segundo o relato, o jovem estava dormindo no sofá com o irmão de 9 anos quando foi retirado de casa e levado para o barracão anexo, onde teriam sido ouvidos ao menos dez disparos.
Os advogados Jean Paulo Pereira e Lizandra Assis, representantes da família, divulgaram nota cobrando respostas das autoridades:
“Apesar de confiarem na Polícia Militar do Paraná, os familiares da vítima querem respostas concretas da Polícia Civil, da própria Polícia Militar, do Ministério Público e, por consequência, do Poder Judiciário, para que os responsáveis paguem pela crueldade que foi praticada no vídeo exposto pelos mais variados meios de comunicação.”
Polícia alega confronto e cita histórico criminal
De acordo com o delegado Osmar Antonio Dechiche, da Polícia Civil, Yago tinha três passagens anteriores por roubo, furto e corrupção de menores, e seria um dos líderes de uma facção que comandava o tráfico na região do Parolin.
“Lamentavelmente, houve a neutralização de um dos integrantes da facção, pessoa bastante familiarizada com o crime. Jovem, com 20 anos de idade, mas com três prisões e três solturas. Hoje, estava liderando e integrando o crime organizado na região”, afirmou o delegado.
O coronel Marcelo Roke Fávero, da PM, reiterou que o jovem reagiu à abordagem e justificou o vídeo que mostra os policiais arrastando o rapaz.
“No momento da abordagem, ele enfrentou e disparou contra os policiais. Para preservar as vidas dos policiais, houve a reação e a tentativa de salvar a vida desse menino. No vídeo, os policiais estão tentando puxá-lo para fora, pois ele ainda tentava alcançar a arma”, declarou o coronel.
Caso será investigado
A morte de Yago Gabriel Pires da Silva de Oliveira está sendo investigada pela Polícia Civil, com acompanhamento do Ministério Público do Paraná (MP-PR). A Corregedoria da Polícia Militar também deverá apurar a conduta dos agentes que participaram da ação.
Com informações de G1 e Jornal Plural.















