A professora universitária Simone Marques da Silva, de 46 anos, foi morta a tiros na tarde de terça-feira, 28, no quintal de casa, em Ipojuca, Grande Recife. Horas antes, ela havia comparecido à Delegacia de Porto de Galinhas para depor no inquérito que apura desvios de verbas de emendas parlamentares da Câmara do município, mas não chegou a ser ouvida e remarcou o depoimento para quarta-feira, 29.
Simone lecionava na Faculdade Novo Horizonte, instituição citada na investigação que apura desvio de até R$ 27 milhões. O esquema investigado envolve emendas impositivas destinadas à saúde em Ipojuca que teriam sido repassadas a associações de fachada em outros municípios, sem estrutura para executar os projetos.
De acordo com a certidão de comparecimento, Simone chegou à delegacia por volta das 12h40 acompanhada de advogado e saiu às 13h. Às 15h55, a Polícia Militar foi informada do assassinato. A Polícia Civil registrou o caso como homicídio consumado e abriu inquérito para apurar as circunstâncias e identificar a autoria.
A investigação aponta que a Faculdade Novo Horizonte, também identificada como Instituto Nacional de Ensino, Sociedade e Pesquisa (Inesp), recebeu repasses milionários para cursos de capacitação com planos de trabalho considerados inconsistentes e orçamentos inflados. O gestor do Inesp, Gilberto Claudino da Silva Júnior, é apontado como coordenador das fraudes. Com prisão preventiva decretada, ele não foi localizado e está foragido.
Os repasses eram intermediados pelo Instituto de Gestão de Políticas do Nordeste (IGPN), maior beneficiário das emendas de Ipojuca, com mais de R$ 6 milhões recebidos em menos de um ano. Fundado em Barreiros, o IGPN transferiu a sede para Catende e foi contratado para atuar na saúde mental do município.
Três pessoas foram presas: Maria Netania Vieira Dias, esposa de Gilberto Claudino e responsável por elaborar projetos; e as advogadas Edjane Silva Monteiro e Eva Lúcia Monteiro, ligadas à Rede Vhida, outra entidade sob investigação. Estão foragidos Geraílton Almeida da Silva, apontado como articulador e criador do IGPN; Júlio César de Almeida Souza, diretor financeiro; e José Gibson Francisco da Silva, presidente do instituto.
A Polícia Civil também apura possível participação de vereadores no esquema.















