O Ministério Público do Paraná denunciou a proprietária, o diretor operacional, o coordenador e o responsável pelo transporte de pacientes de um centro terapêutico em Bocaiúva do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, pelos crimes de três sequestros, três cárceres privados e três homicídios culposos. O estabelecimento está interditado desde junho por decisão da Vara Cível local e segue proibido de receber novos residentes ou prestar atendimento.
A Promotoria descreve seis fatos criminosos entre dezembro de 2024 e maio de 2025, incluindo duas vítimas mantidas em cárcere e um sequestro em 5 de janeiro de 2025. Nos casos de homicídio culposo, o MPPR aponta omissão de socorro e negligência: um homem com dependência alcoólica e lesões visíveis morreu sem atendimento médico; uma mulher com histórico recente de AVC e suspeita de encefalite foi admitida sem avaliação e exames; e um paciente internado em 18 de março de 2025 recebeu medicamento de uso controlado, desenvolveu pancreatite medicamentosa e foi encontrado morto no dia seguinte. Segundo a denúncia, os denunciados descumpriram o dever objetivo de cuidado e contribuíram para resultados previsíveis.
As internações eram majoritariamente contratadas por familiares, com taxa de entrada de R$ 1,5 mil e mensalidades entre R$ 1,5 mil e R$ 2,1 mil. Muitos ingressos ocorreram de forma involuntária via “resgate social”, ao custo de R$ 700 a R$ 2,4 mil. Relatos indicam uso de contenção química com mistura de medicamentos controlados apelidada de “danoninho”, sem avaliação médica prévia. Prescrições eram feitas após a internação com base em única consulta on-line com uma psiquiatra de Santa Catarina.
Além da responsabilização penal, o MPPR requer indenização de R$ 100 mil para cada vítima.
Com informações de MPPR.
