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Início da Flim 2023 traz à tona o poder de ler

Começou a Feira Literária Internacional de Maringá (FLIM), nesta manhã de quarta-feira, 4, e a reportagem do O Maringá conversou com o Professor de Multimeios da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Tiago Lucena, que nos convida a refletir as formas que podemos utilizar nosso pensamento durante e após ler livros e também o fortalecimento que a Feira Literária Internacional de Maringá proporciona. A Flim vai até dia 8 de outubro no estacionamento do estádio Willie Davids e promete ser a maior feira em dez edições.

Entrevista com o Professor de MUltimeios da UEM, Tiago Lucena

1. Qual a importância da leitura?

Resposta:

Além das considerações mais obvias de que a leitura permite que se amplie o vocabulário e ajuda na escrita e na expressão, também se reconhece hoje que a leitura, pelas suas características próprias, colabora também para a elaboração do pensamento. A velocidade de leitura num livro impresso por exemplo permite que o indivíduo acompanhe as ideias, pause em alguns momentos, reflita sobre o que foi dito, retome ou retorne a algum ponto já lido. Todos esses momentos são essenciais para a formação de um pensamento mais profundo sobre o mundo, ou seja, quem lê mais livros também “lê”, entende, apreende mais o mundo ao seu redor. Ler não é só decodificar letras e palavras, ler é também formar opinião. Sempre é importante lembrar que a leitura também pode nos ajudar a ver melhor (um filme, série, um jornal na TV), ouvir (uma música ou perceber o som ao nosso redor) e sentir os eventos de novas maneiras.

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Professor da UEM, Tiago Lucena expõe que a Flim coloca em pauta a leitura em todos os seus formatos e variações – Foto: Arquivo pessoal

2. Modificações em modelos de ensino. Leitura em computador, tablet, celular. Como fazer com que a tecnologia se torne saudável para os alunos?

Resposta:

É importante lembrar que quando surgiu a escrita, muitos se preocuparam que a memória seria afetada e as pessoas não mais se valeriam da oratória para convencer os outros. Não podemos simplesmente vilanizar os novos dispositivos digitais. A reação contrária a leitura em diferentes dispositivos tem então ponto interessante de se pensar. Esses dispositivos geralmente estão conectados a internet e a interface deles costuma ser bastante dispersiva, ou seja, praticamente convida a gente a ficar clicando e tocando na tela. Isso não é necessariamente ruim, hoje lemos de forma mais hipertextual, clicando e saltando de links e links, e ir nos aprofundando num determinado tema. É um tipo de forma de pensar que a informática valorizou muito nas últimas décadas. Sem a atenção devida esses saltos podem ser dispersivos e como já disse o escritor Umberto Eco que na Internet podemos sair de “Platão a salsicha em cinco cliques”. Mas podemos focar nesses dispositivos que podem sim ser aliados da leitura. O smartphone por exemplo está sempre no nosso bolso, então em qualquer fila ou espera podemos se valer dele para ler coisas, desde matérias jornalísticas como essa, até textos mais completos que podem ser partidos em pequenas leituras várias vezes ao dia.  O que acho que devemos fazer é mostrar essas características para que as pessoas se valham do mais interessante do dispositivo para ler.

3. Como incentivar a leitura do livro, jornal?

Resposta:

Leitura é prática e hábito. É algo que precisa ser incentivado, fazer parte da rotina, estar dentro de um contexto cultural. É muito importante eventos como a FLIM, termos bibliotecas públicas, livrarias, sebos, locais de encontros, clubes de leitura, professores e colegas que recomendem livros, influenciadores digitais que criem conteúdos sobre livros on-line, filmes que são adaptações de livros e vários formatos diferentes de leituras: quadrinhos, HQs, jornais e revistas, romances, enfim, todo um universo de práticas que tragam a leitura como protagonista. Sabemos que o ambiente doméstico favorável a leitura, famílias que incorporem a leitura como prática de lazer, ajudam e muito. Leitura é algo que deve ser um dos focos da educação e de diversas políticas públicas – não só vinculadas a educação ou cultura.

 

4. A Flim já vai para a sua décima edição ininterrupta. Como você enxerga essa feira e o potencial que ela tem de alcance para incentivar a leitura em crianças e jovens?

Resposta:

A FLIM ajuda a colocar a leitura, em todos os seus formatos e variações, em pauta. Ela traz o livro como protagonista e ajuda a congregar pessoas interessadas nesse objeto, nas escritoras e escritores, nos pesquisadores/pesquisadoras e nas instituições de fomento. É uma iniciativa louvável.

 

5. Na sua opinião, deveríamos ter mais eventos relacionados a este ou falta outros modelos durante o ano?

Resposta:

A FLIM pode e deve ser um evento maior a cada ano, um grande ponto de encontro com pessoas interessadas e curiosas. Além de ser um evento que movimenta a economia, agrega instituições e fazem pessoas se conhecer. Mas outros menores organizados por diversos atores devem continuar existindo e fortalecidos. Os grupos de leitura por exemplo são variados e se encontram com certa regularidade durante todo o ano. A leitura pode ser uma experiência individual, em casa sozinho, mas a criação de uma rede social de compartilhamento, sair com os amigos para falar de livros, encontrar outras pessoas em locais, bibliotecas, barzinhos, etc, é muito importante também. Destaco que deva ter eventos acadêmicos, eventos de profissionais da comunicação, mostras de cinema, os eventos de anime, a capoeira e outras tantas danças, as batalhas de rimas, as casas de humor, teatro e música, enfim, uma variedade de modalidades que dialogam e ajudam a fortalecer a leitura, que é uma prática que deve estar onde nós estamos.

 

 

Entrevistamos também a Influenciadora Digital e Modelo, Alyssa Guirado, 19 anos, que até 2021 não tinha costume de ler e hoje já concluiu a leitura de 91 livros.

 

1. Como e quando surgiu o amor pela leitura?

Resposta:

Meu amor pela leitura surgiu após ler meu primeiro livro de romance “É assim que acaba” em junho de 2021. Por muito tempo eu alimentei uma crença de que não gostava de ler, passei 17 anos da minha vida evitando todos os tipos de leitura, mas isso acabou após minha primeira experiência. Foi algo realmente marcante e sem dúvidas, um divisor de águas! Ao perceber o quanto a leitura era algo incrível, decidi criar uma trend nas redes sociais e comecei a compartilhar minhas reações no TikTok e Instagram. O que não esperava era o alcance que os vídeos iriam ter. Foi realmente surpreendente, todos eles viralizaram. Hoje, os vídeos somam mais de 18 milhões de visualizações e através deles milhares de pessoas foram influenciadas a entrarem nesse mundo literário. Foram nove vídeos no total.

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Alyssa Guirado conta que já leu 29 livros só neste ano – Foto: Arquivo pessoal

2. Quais são os tipos de livros e quantos você lê por ano normalmente?

Resposta:

Eu comecei no mundo literário com os romances, foi uma paixão momentânea e já cheguei a ler 8 livros por mês. Com o passar do tempo, fui conhecendo outros gêneros e peguei gosto pelo desenvolvimento pessoal. Hoje divido minha leitura diária em três etapas, de manhã: livro cristão, à tarde: livro de estudo (todos relacionados ao comportamento humano) e antes de dormir: livro de romance. Em 2021 eu li 22 livros, sendo a maioria deles romances. Já em 2022, eu li 40 livros, me dediquei a conhecer vários gêneros diferentes e foi um ano incrível. Esse ano eu já li 29 livros, sendo a maior parte deles cristãos e os outros focados no desenvolvimento pessoal. No total, em 2 anos e 2 meses eu li 91 livros!

 

3. Para você, qual a importância da leitura e como na sua visão ela pode mudar o futuro de cada indivíduo?

Resposta:

A leitura é extremamente importante para o desenvolvimento intelectual, pessoal e espiritual. Através dos livros, muitas portas foram abertas na minha vida e grande parte do conhecimento que carrego hoje vem deles! Eu acredito profundamente que a leitura pode levar o indivíduo a lugares que ele nunca imaginou, tanto na área profissional, quanto na vida pessoal e espiritual. Cada livro carrega um mundo diferente e essa é a beleza de mergulhar no universo literário. “Um leitor vive mil vidas antes de morrer. O homem que nunca lê vive apenas uma”

 

4. A Flim vai para seu décimo ano consecutivo e promete ser a maior edição em 2023. Várias atrações estão programadas com palestras, grandes escritores, estandes etc. Você pretende ir e/ou indicaria para alguém?

Resposta:

Com certeza eu indico! É um lugar onde o amante por livros se sente pertencido. Tenho certeza que será um evento incrível, cheio de atrações que irão encantar cada leitor. Se você ama livros, não pode perder essa oportunidade!

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