O botânico Ricardo Cardim, criador do método Floresta de Bolso e autor de projetos de paisagismo em áreas de tamanhos diversos nas principais cidades brasileiras, esteve em Maringá, conheceu parques e a arborização das ruas e ministrou a palestra “Paisagismo sustentável para o Brasil: integrando natureza e humanidade no Século XXI”.
A vinda do paisagista foi a convite do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maringá (Ipplam), em parceria com a PRC Empreendimentos, empresa maringaense que atua nas áreas de engenharia, arquitetura, design e construção.
Após passar o fim de semana conhecendo o Parque do Ingá, Parque Alfredo Nyffeler, Parque das Palmeiras, Horto Florestal e o fundo de vale da Gleba Itororó, o botânico premiado internacionalmente considerou que “Maringá é uma cidade muito bem arborizada e que foi planejada nesse sentido. Assim que cheguei no aeroporto, já havia algo falando sobre as árvores como protagonistas da cidade. Isso é maravilhoso, muito raro no Brasil”.
Segundo Cardim, fama de Maringá como exemplo de arborização urbana é reconhecida em toda parte do país.
A diretora-presidente do Ipplam, arquiteta e urbanista Bruna Barroca, disse que a troca de informações e de conhecimento entre os agentes é muito importante para uma cidade com cerca de 150 mil árvores na área urbana. A experiência de profissionais como Ricardo Cardim “nos ajuda a ampliar o conhecimento para criar políticas públicas e aplicar novas ferramentas para garantir a preservação ambiental”.
Barroca diz que Maringá tem um grande ativo ambiental que deve ser preservado e que possui grande potencial para o desenvolvimento urbano sustentável. “E somos nós que devemos trabalhar para que isso aconteça”.
Floresta de bolso e o aproveitamento de pequenos espaços
Na palestra que ministrou no Auditório Hélio Moreira, no Paço Municipal de Maringá, o paisagista Ricardo Cardim falou do conceito Floresta de Bolso, uma marca registrada da Cardim Arquitetura Paisagística.
Floresta de Bolso é uma técnica mais natural de restauração da Mata Atlântica desenvolvida por Ricardo Cardim baseada na sua dinâmica competitiva-cooperativa . A composição e espaçamento da restauração procuram respeitar a evolução original das florestas, o que proporciona um crescimento mais rápido, menor índice de perdas, baixo consumo de água e menos manutenção.
Adaptada a escala urbana, pode ser implantada em pequenos espaços, a partir de 15 m², ou também em grandes áreas, como projetos de restauração florestal na zona rural. Seus objetivos são reconectar a população ao patrimônio nativo, suas formas, texturas, história e sabores, resgatando a biodiversidade original no cotidiano.
A Floresta de Bolso ficou famosa e deu grande projeção ao botânico Ricardo Cardim. O jornal Folha de São Paulo, por exemplo, publicou uma grande matéria sobre uma floresta implantada no topo de um alto edifício de São Paulo. Também projetos desenvolvidos em pequenas áreas, onde geralmente cresce o mato e proliferam pequenos animais e insetos, têm ajudado as cidades a ficarem mais bonitas e ainda melhorando o meio ambiente.
Segundo Cardim, devido a grande densidade vegetal e diversidade, os serviços ambientais das florestas de bolso para a melhoria da qualidade de vida e saúde pública são de alto impacto, como diminuição da temperatura, aumento da umidade do ar, retenção de águas das chuvas e infiltração no solo/lençol freático, atenuamento da poluição sonora, criação de nichos ecológicos, filtragem de gases tóxicos, material particulado, entre outros.
Além disso, comportam-se também como verdadeiras bombas de biodiversidade, espalhando espontaneamente novas árvores nativas para o entorno através da fauna e ventos.
