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Vendedores de alfajor se dizem perseguidos e injustiçados: ‘Levamos facadas e fomos presos’

Confusão no Centro de Curitiba envolveu disputa por espaço para venda em via pública; oito pessoas foram presas, todas de apenas um dos lados envolvidos na confusão

Confusão no Centro de Curitiba envolveu disputa por espaço para venda em via pública; oito pessoas foram presas, todas de apenas um dos lados envolvidos na confusão

A pancadaria registrada ontem no calçadão da Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba, ganhou um novo capítulo. Nesta quarta-feira foi vez dos vendedores de alfajor que haviam entrado em confronto com os funcionários de uma agência de modelos apresentarem sua versão sobre o ocorrido. Eles, que fazem parte de um projeto que visa recuperar pessoas com vício em álcool e outras drogas, se dizem perseguidos e injustiçados.

Um dos obreiros do projeto Cristão Esperança, Julio Fausto, de 28 anos, afirma que os caça-talentos são de São Paulo e chegaram há pouco tempo na capital paranaense. Sobre a briga generalizada ocorrida ontem, diz que os vendedores de alfajor foram abordados agressivamente pelo outro grupo. “Eles já chegaram querendo tomar telefone da mão, querendo nos tirar do ponto, que não iríamos vender mais. Em momento nenhum proibimos eles de vender”, afirma Julio.

Fausto ainda critica as prisões efetuadas pela polícia após a confusão. Ao todo, oito pessoas acabaram em cana, todos vendedores de alfajor e nenhum da agência de modelo. “Levamos facadas, fomos presos, agredidos pela polícia e até ameaçados de morte por policiais”, afirma ele, dizendo que a situação sobre a ameaça feita por agentes da lei já foi encaminhada ao Ministério Público do Paraná (MP-PR).

“Estamos sendo injustiçados. Somos trabalhadores, não somos vagabundos. Queremos trabalhar como qualquer cidadão de bem. Sempre fomos honestos, não tem motivo de estarmos passando por essa perseguição”, desabafa ainda ele. “Minha indignação é que os caras vieram para cima, deram facada e nós que fomos preso ainda. Nós que estamos errados.”

O outro lado

A versão apresentada pelos vendedores de alfajor colide frontalmente com o que fora relatado pelos funcionários da empresa de agenciamento de modelos. João Pedro, um dos caça-talentos que se envolveu na briga, relatou que os vendedores de alfajor impediriam outras pessoas de trabalhar na região da XV, abordando o público que passa pela via. Segundo ele, as brigas de ontem teriam começado após uma tentativa amistosa de diálogo. “Descemos para conversar, mas os caras não queriam e agrediram a gente. Aí começou uma briga generalizada, todo mundo batendo em todo mundo”, disse.

‘Pretendemos voltar a vender o mais rápido possível’

Depois da confusão de ontem, nesta quarta-feira os vendedores de alfajor não trabalharam e ainda não sabem quando irão retornar para a Rua XV. A ideia, contudo, é “voltar a vender o mais rápido possível”, aponta Julio Fausto, explicando que a venda dos doces é o que sustenta não só os vendedores, mas também o projeto Cristão Esperança, que existe há 13 anos, é desenvolvido pelo pastor Ives Márcio Viruel da Silva e tem o objetivo de ajudar pessoas com problemas relacionados ao consumo de álcool e outras drogas.

“Se nós pudéssemos trabalhar hoje, já estaríamos trabalhando. Infelizmente temos alguns machucados, esfaqueados. Queremos que as pessoas entendam o nosso lado também”, afirma Fausto.