O advogado Cláudio Dalledone Júnior afirmou nesta quinta-feira (9) que seu cliente, Élcio Rodrigues José Júnior, preso sob suspeita de matar Peterson Freitas dos Reis com cerca de 15 facadas em uma distribuidora de bebidas em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, havia registrado diversas ameaças contra si antes do crime, mas não recebeu providências da polícia.
De acordo com a defesa, Élcio vinha sendo ameaçado desde abril, quando registrou um boletim de ocorrência contra a ex-esposa e o atual companheiro dela — apontado como narcotraficante ligado a uma facção criminosa na Grande Curitiba.
“Infelizmente, mesmo depois de implorar por providências, nenhuma diligência foi tomada pelo delegado. Nenhum inquérito foi instaurado. Élcio vinha sendo monitorado por um grupo perigoso, responsável por atentados contra inimigos declarados. Mas o delegado simplesmente ignorou”, afirmou Dalledone.
O crime ocorreu no dia 27 de setembro, quando Élcio teria sido cercado por cinco homens em uma distribuidora do bairro Jardim Santa Mônica, em Piraquara. Ele confessou o crime, alegando legítima defesa.
“Eu fiz o que fiz para me defender. Eles já vinham me ameaçando, mandando foto de arma, passaram dando tiro na frente da minha casa. Desde então, eu passei a andar com a faca. Eles me encurralaram e cercaram”, disse Élcio.
A Polícia Civil, no entanto, classificou o caso como homicídio doloso e descartou a tese de legítima defesa.
Segundo Dalledone, o suspeito se apresentou voluntariamente na quarta-feira (8) e está à disposição da Justiça. Ele vai pedir a revogação da prisão preventiva, que, segundo ele, “foi decretada de maneira injusta”.
“Essa prisão precisa ser revogada porque há membros da facção preparados para uma represália, em razão da morte de um dos integrantes. Se isso acontecer, as consequências deverão ser cobradas pelos agentes do Estado que ignoraram o seu pedido de socorro”, completou o advogado.
Polícia nega omissão
Em nota, a Polícia Civil do Paraná (PCPR) confirmou que Élcio registrou um boletim de ocorrência sobre as supostas ameaças em 30 de abril de 2025, mas afirmou que não houve representação formal por parte dele — condição necessária para dar continuidade à investigação do crime de ameaça.
“Após o registro, não houve manifestação formal da vítima junto à delegacia para realizar a representação, o que é condição de procedibilidade na infração penal de ameaça. A delegacia permanece à disposição da vítima para que possa representar”, disse a corporação.
Histórico da vítima
Peterson Freitas dos Reis, de 24 anos, tinha passagens criminais e era apontado como ligado a uma facção responsável por ataques violentos na região. Ele também é citado como um dos envolvidos no atentado a tiros contra o escritório do advogado Cláudio Dalledone Júnior, ocorrido em outubro de 2024, quando mais de 30 disparos atingiram a fachada do local.
A Polícia Civil segue investigando o caso.
Com informações de Banda B.















