A Polícia Federal identificou indícios de acesso antecipado a minutas e de influência externa em gabinetes do Superior Tribunal de Justiça no âmbito da Operação Sisamnes, que investiga um suposto mercado de decisões em tribunais estaduais e no STJ. Ministros citados em processos analisados pela PF, como Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Og Fernandes, não são investigados. Eles afirmaram, por suas assessorias, desconhecer o conteúdo sigiloso ou reforçaram a necessidade de responsabilização de eventuais envolvidos.
Mensagens obtidas pela PF mostram diálogos entre os lobistas Andreson de Oliveira e o advogado Roberto Zampieri em 28 de outubro de 2019 sobre a confecção de votos por uma juíza instrutora e o envio de minutas com marcas internas de gabinete antes da publicação oficial. A PF relaciona a conversa a decisões assinadas por Isabel Gallotti no dia 29 de outubro de 2019 e publicadas em 4 de novembro de 2019 com conteúdo coincidente às minutas.
Os diálogos também mencionam, sem investigação formal contra eles, os ministros Marco Aurélio Buzzi e Luís Felipe Salomão. A peça que deu origem à apuração sobre servidores e empresários chegou à Procuradoria-Geral da República em agosto de 2024 por iniciativa do então corregedor nacional de Justiça, ministro Salomão, e foi compartilhada com a PF.
Pelo menos três ex-servidores de gabinetes são alvos da operação por suspeita de manipular decisões, interferir em processos e vazar informações sob sigilo. Entre eles estão Daimler Alberto de Campos, ex-chefe de gabinete de Isabel Gallotti, Márcio José Toledo Pinto e Rodrigo Falcão, ex-chefe de gabinete de Og Fernandes. A defesa de Daimler afirma que o nome dele foi usado para simular influência e que números salvos como “Daimler” pertenceriam a terceiros.
A PF descreve uma atuação coordenada de intermediários e servidores para afetar decisões de alto impacto econômico e avalia se alterações podem ter ocorrido sem ciência direta de magistrados. A investigação tramita sob sigilo no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Cristiano Zanin, e tem foco em casos de falências do agronegócio.















