O projeto Escala Cultural traz para Maringá nos próximos dias o grupo Contadores de Mentira, de Suzano (SP), para um combo de ações gratuitas de contrapartida social que incluem oficina, espetáculo e demonstração de trabalho.
No domingo, 27, acontece a oficina “Corpo Quebrado – Teatro de Rito”, orientada por Cleiton Pereira. Na segunda-feira, dia 28, Daniele Santana apresenta o solo “Cícera” às 20h no Teatro Barracão. Na terça-feira, o grupo, completado por Samuel Vital e K.iqui Calisto, fazem a demonstração de trabalho “Pensar com os pés” para os estudantes de Artes Cênicas da UEM, mas todas as atividades são abertas a quem se interessar.
A oficina é um espaço para a partilha entre os integrantes do grupo e os participantes interessados na exploração física e construção de corporeidades cênicas. Neste compartilhamento prático, o ator e diretor Cleiton Pereira ministra exercícios e técnicas que o grupo utiliza em sua pesquisa de Teatro de Rito, criando uma abordagem para a criação atoral partindo de princípios técnicos como controle das energias, fluxo, partituras físicas, corpo/brincante e rito atoral. São 20 vagas e as inscrições podem ser feitas pelo link https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeXmX-HT4Mn8cyY5zMp7rT1IPu2bMrkaXnixaIHZ1r1aKUJQw/viewform
“Cícera” é uma obra que, atravessada por cantos de trabalho, relatos e memórias, apresenta a história de uma mulher nordestina, uma retirante que saiu de Alagoas para São Paulo em busca de igualdade social. Na mala, um punhado de farinha, 4 filhas e o sonho de uma vida melhor. Em São Paulo, encontra dureza, concreto, fome e saudade. A obra propõe um olhar sobre o analfabetismo, a exploração, a fome, o desemprego, e a desigualdade, realidade de boa parte das mulheres e homens que migram do nordeste do país para as grandes capitais do Sudeste. O solo de Daniele Santana é dirigido por Cleiton Pereira e recentemente foi apresentado na Espanha e no Itaú Cultural, de São Paulo, além de ter passado por Londrina no projeto internacional Ciclos.
A demonstração de trabalho “Pensar com os pés” é dia 29/11, terça-feira, das 14h30 às 17h no teatro da UEM com os atuadores Cleiton Pereira, Daniele Santana, Samuel Vital e K.iqui Calisto. A demonstração técnica do grupo Contadores de Mentira parte da condução e ótica da direção. Nela são compartilhados aspectos da pesquisa física do grupo, abordando os seguintes pontos: Campo das energias no corpo criador; imã e fluxo; e, expressividade partindo dos pés. Este trabalho tem um cunho formativo, e também, expositivo do como o grupo tem se desenvolvido e dialogado ao longo dos anos na relação direção – atuação. Todos podem participar, é só aparecer.
O grupo Contadores de Mentira surgiu em 1995 na cidade de Suzano, região do Alto Tietê, onde desde 2012 mantém também uma sede física. Desde então, produz obras teatrais, festivais, encontros e formação. O grupo existe e resiste fora do grande centro, indo no fluxo contrário ao pensamento de que apenas os grandes centros são produtores de cultura. Embasam seu trabalho nos estudos da Antropologia Teatral, firmando suas pesquisas em três eixos: metáfora, rito e celebração. Buscam nos povos e suas manifestações populares alimento para as criações. Celebram a relação entre público, artistas, obra, instante. Contam histórias pela lembrança, pela imagem, pelo cheiro, pela dança, pela comida, pelo sensitivo. Fazem um teatro que se ocupa da raiz histórica, crítica e social.
Os Contadores de Mentira são ligados a redes nacionais e internacionais, já tendo percorrido o país e passado por diversos lugares da América Latina, como Paraguai, Peru, México, Argentina, Equador e Cuba.
O projeto
Realizado pela 2 Coelhos Comunicação e Cultura, por meio da Lei
Federal de Incentivo à Cultura e o patrocínio de diversas empresas, o Escala Cultural busca selecionar espetáculos teatrais de grupos que estejam participando de festivais e mostras ou realizando apresentações isoladas por meio de editais, fazendo com que eles deem uma paradinha em Maringá, inserindo o município em seus roteiros.
O Escala teve início em 2018, contou com uma edição online em 2021 e em abril deste ano retomou o formato presencial, trazendo espetáculos entre abril e julho deste ano. Passaram por aqui os grupos Magiluth (Recife / PE), Cia Cênica (São José do Rio Preto / SP), Projeto Gompa (Porto Alegre / RS) e Lume Teatro (Campinas / SP). As ações de agora são a contrapartida social do projeto, destinadas prioritariamente a estudantes da rede pública de ensino. Todas as atividades são gratuitas.