Indígenas da etnia Tupinambás de Olivença receberam, nesta segunda-feira (9), na cidade do Rio de Janeiro, o manto sagrado tupinambá, que estava na Dinamarca desde o século XVII.
Os quase 200 indígenas tupinambás fizeram uma longa viagem de ônibus: foram mais de 20 horas do litoral central da Bahia até a Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio, onde estão acampados.
O manto sagrado retornou definitivamente ao Brasil em julho, e se encontra sob tutela do Museu Nacional, a cerca de 500 metros do acampamento indígena.
O grupo é formado por descendentes da saudosa anciã tupinambá Amotara, que visitou o manto no ano de 2000, em São Paulo, durante uma exposição temporária de celebração dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil.
Na ocasião, Amotara iniciou uma luta para repatriar a vestimenta, que estava sob a guarda do Museu Nacional da Dinamarca.
Todas as lideranças tupinambás presentes no evento desta segunda avaliam que a chegada do manto é um bom presságio.
Para a cacica Jamopoty Tupinambá, a esperança é que seu retorno represente um passo definitivo para a demarcação de suas terras, que foram delimitadas há 15 anos.
“Precisamos estar fortes com a nossa cultura, é a nossa força. Para ver o manto, eu preciso estar com minha cultura. É nosso ancião mais velho, um originário mais velho do brasil, que chega dizendo não a essa negativa do povo indígena. A gente só tem uma vida, essa vida de natureza, a vida de proteger, de ver a mata crescer, de ver os bichos andar(sic).”
A vontade dos tupinambás é que seja construído um museu em Olivença para resguardá-lo dentro de seu próprio território. Há ainda a expectativa de repatriação de outros dez mantos que permanecem sob a guarda de museus europeus.
O manto é uma vestimenta de 1,8 metro de altura, confeccionada com penas vermelhas de ave guará sobre uma base de fibra natural.
* Com informações da Agência Brasil
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