O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (3) um novo decreto que dobra as tarifas de importação sobre aço, alumínio e seus derivados. As alíquotas passam de 25% para 50% e já entram em vigor nesta quarta-feira (4). A única exceção é o Reino Unido, que mantém a tarifa original por ter assinado um acordo bilateral com os EUA.
Segundo a Casa Branca, a medida visa proteger a segurança nacional e fortalecer a indústria siderúrgica americana. Trump já havia sinalizado a intenção de ampliar a taxação na última sexta-feira (30), alegando que a proteção à produção interna é uma prioridade estratégica.
Impacto direto no Brasil
O Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos, será um dos países mais afetados. Em 2024, o país exportou cerca de 4,1 milhões de toneladas de aço para o mercado americano — ficando atrás apenas do Canadá. O México ocupa a terceira posição.
Especialistas apontam que o aumento das tarifas deve causar uma queda significativa nas exportações brasileiras para os EUA. Parte da produção poderá ser redirecionada a outros mercados, mas isso não será simples, considerando a forte concorrência da China.
Além disso, o excedente de aço pode pressionar o mercado interno, derrubando preços e reduzindo as margens das empresas. A longo prazo, a redução na demanda pode impactar a produção e levar a cortes de empregos na cadeia produtiva.
Setor empresarial em alerta
Empresas com atuação focada no mercado externo, como ArcelorMittal e Ternium, tendem a ser as mais prejudicadas. Já companhias como Gerdau, CSN e Usiminas, que operam majoritariamente no mercado interno, devem sentir um impacto menor, segundo relatório do Itaú BBA.
O Instituto Aço Brasil, que representa o setor siderúrgico nacional, reagiu com preocupação à medida. Em nota, o órgão informou ter recebido “com surpresa” a decisão e reforçou a necessidade de diálogo entre os governos do Brasil e dos EUA para evitar maiores prejuízos à indústria.
Consequências para o mercado global
Nos EUA, o governo argumenta que tarifas mais altas vão fortalecer a indústria nacional. No entanto, a medida já gera reações negativas entre parceiros comerciais e pode agravar tensões em negociações comerciais em andamento.
A decisão faz parte de uma política mais ampla adotada por Trump em seu segundo mandato, marcada por elevação de tarifas sobre produtos de mais de 180 países. A estratégia tem como objetivo reduzir a dependência de importações e estimular a produção local.
Nova rodada de tarifas amplia incertezas
As novas tarifas ocorrem em meio a um cenário volátil: parte das medidas protecionistas já havia sido suspensa para negociação, mas retornaram com força após decisões judiciais recentes. A expectativa é que as tarifas continuem sendo usadas como instrumento de barganha para obtenção de acordos mais vantajosos.
Críticas e desafios à implementação
Apesar do discurso protecionista, especialistas criticam a eficácia da política tarifária isolada. Para analistas, medidas punitivas sem investimentos estruturais — como em infraestrutura e inovação — tendem a gerar mais distorções do que benefícios.
Outro ponto de atenção é a capacidade dos países atingidos por essas tarifas de realocar suas exportações. Para o Brasil, por exemplo, encontrar novos compradores em volume equivalente ao dos EUA será um desafio complexo e demorado.
Com informações de G1.