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Suspeita de fraudes em licenciamentos ambientais no Paraná teria causado derrubada de 300 mil m² de mata nativa

Foto: PCPR

Uma engenheira ambiental foi presa nesta quarta-feira (1º), em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), suspeita de fraudes em licenciamentos ambientais que resultaram na derrubada de aproximadamente 300 mil metros quadrados de Mata Atlântica — o equivalente a 42 campos de futebol.

Segundo a Polícia Civil do Paraná (PC-PR), a profissional inseria informações falsas e omitia dados em pedidos de Dispensa de Licenciamento Ambiental, sistema online do Instituto Água e Terra (IAT) criado para autorizar atividades de baixo impacto, como jardinagem e corte de vegetação rasteira.

De acordo com as investigações, em cinco anos foram mais de 240 dispensas irregulares liberadas. Em um dos casos, a engenheira declarou apenas limpeza de terreno, mas imagens de satélite apontaram desmatamento de quatro hectares. Em outro, alegou serviços de paisagismo, mas fiscais encontraram terraplanagem de 3.800 m² com derrubada de vegetação nativa, inclusive em Área de Preservação Permanente (APP).

O delegado Guilherme Dias, responsável pelo caso, explicou que clientes buscavam a engenheira para conseguir autorizações de empreendimentos. “As pessoas perguntavam: ‘quero construir uma casa nessa região, você consegue [o licenciamento]?’. Ela ganhava com a contratação desses serviços”, disse.

A suspeita é investigada por crimes como fraude em licenciamento ambiental, desmatamento e inserção de dados falsos. A defesa dela nega as irregularidades e afirma que confia na inocência da profissional.

Licenciamentos sob suspeita

O sistema autodeclaratório de licenciamento ambiental foi criado em 2019 e, em 2024, teve seu uso ampliado pela Assembleia Legislativa do Paraná. A medida visava simplificar processos, mas especialistas apontam necessidade de maior fiscalização.

Segundo o pesquisador Tiago Mafra, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), há riscos quando empreendimentos de alto impacto se beneficiam da autodeclaração. “Uma pessoa que vai construir um empreendimento de alto impacto, com desmatamento, não pode se autodeclarar isenta do licenciamento. Tem que haver controle e acompanhamento do Estado para garantir a preservação ambiental”, afirmou.

Operação policial

As investigações apontam que a engenheira teria autorizado obras em áreas de proteção, reservas hídricas e até utilizado nomes de pessoas falecidas para liberar projetos. Segundo a polícia, o faturamento com o esquema pode ter ultrapassado R$ 2 milhões.

Além da prisão da engenheira em Campo Largo, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão contra outros seis profissionais. Um deles também foi preso em flagrante. A polícia agora investiga se clientes sabiam das irregularidades.

Contradições

Nas redes sociais, a engenheira publicava conteúdos em defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Postagens sobre a importância de vistorias técnicas e da responsabilidade no licenciamento foram anexadas ao inquérito e agora contrastam com as suspeitas levantadas pela polícia.

Com informações de G1.

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