Durante entrevista à Rádio Jovem Pan nesta terça-feira (15), o prefeito de Maringá, Silvio Barros, fez duras críticas ao projeto do Eixo Monumental, em especial ao trecho que reconfigura a Praça Renato Celidônio — tradicional palco de eventos como a Festa da Canção e a Festa das Nações. Embora tenha reconhecido a beleza estética da obra, o prefeito apontou falta de diálogo com a comunidade e a perda do papel cultural e social da praça mais simbólica da cidade.
“O projeto foi feito, implantado, e não houve debate. A empresa de arquitetura admitiu para mim que nunca foi demandada a fazer uma escuta pública. Fizeram o que acharam bonito”, declarou.
Festas esvaziadas, prejuízo às entidades
Segundo Barros, a transferência dos eventos para locais mais afastados da área central impactou diretamente no público e, consequentemente, na arrecadação das entidades sociais que dependem das festividades para manter suas atividades. Ele relatou ter ouvido reclamações de organizações que enfrentam dificuldades para fechar as contas e, em alguns casos, deixaram de participar dos eventos.
“Algumas entidades nem participaram mais. Outras, que ajudam pessoas em vulnerabilidade, não conseguem mais se manter como antes”, afirmou.
O prefeito ainda levantou dúvidas sobre o futuro dos eventos no novo espaço: “A hora que terminar a obra, as festas voltam para a praça? Eu acho que não. O paisagismo reduziu os espaços e não foi colocada nenhuma infraestrutura mínima: rede de água, esgoto, energia, gás. Nada.”
Celebrações religiosas prejudicadas
Barros também destacou que a Igreja Católica foi afetada. O padre da Catedral teria procurado a prefeitura para saber onde poderão ser realizadas, a partir de agora, celebrações como o Corpus Christi e a missa da padroeira.
“Agora não tem mais onde colocar o tapete, onde fazer a missa. O espaço que usavam não está mais lá”, afirmou o prefeito, lamentando a perda de áreas tradicionalmente usadas para manifestações religiosas e populares.
Rediscussão da obra
O prefeito sinalizou que os trechos do Eixo Monumental ainda não executados serão alvo de debate público. A intenção, segundo ele, é evitar que se repitam os mesmos erros.
“Não se pode continuar uma obra dessa importância sem escutar a população. Isso precisa ser rediscutido.”
Embora reconheça a beleza do projeto, Silvio Barros reforçou que a obra, da forma como está, não atende aos interesses coletivos da cidade.
“Está bonito, não estou dizendo que está feio. Mas não cumpre o seu papel social. Precisamos de uma obra que se integre à cidade, que respeite suas tradições, seus eventos, sua história.”
Com informações de Maringá Post.