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Rio Bonito, devastada por tornado, desmatou 60% da Mata Atlântica em 30 anos

Foto: Ari Dias/AEN

Devastada por um tornado na sexta feira, 7, Rio Bonito do Iguaçu está entre os municípios que mais perderam Mata Atlântica nas últimas décadas. O evento extremo deixou seis mortos, mais de 800 feridos e expôs um cenário de vulnerabilidade ampliado pelo desmatamento em áreas planas.

Dados do MapBiomas indicam que a cobertura vegetal na região caiu cerca de 60% em 30 anos. Em 1985, 56,8% do território eram de floresta e 35,5% destinados à agropecuária. Em 2024, a agropecuária passou a ocupar 67,9% da área e a floresta recuou para 24%. Levantamento da SOS Mata Atlântica já apontava o município como campeão nacional de desmatamento entre 1985 e 2015, com 24,9 mil hectares destruídos, equivalente à área de uma capital como Fortaleza.

Para o climatologista Francisco Assis Mendonça, da UFPR, áreas extensas e planas são mais suscetíveis a ventos severos. A localização do município, próximo ao Rio Paraná e sob influência de massas de ar frio vindas da Argentina, favorece a formação de tornados. Ele destaca que fileiras de árvores funcionam como quebra ventos capazes de reduzir a velocidade das rajadas e mitigar danos. Grandes contrastes de temperatura e pressão aceleram a formação de tempestades severas e tornados, fenômenos locais conectados a sistemas de maior escala, como ciclones.

O pesquisador avalia que o afrouxamento de regras ambientais amplia riscos ao expor o solo e reduzir a resiliência. Ele ressalta que o cumprimento do Código Florestal, com preservação mínima de 20% de mata nas propriedades e proteção de nascentes, topos de morro e encostas, ajudaria a evitar tragédias, o ressecamento de rios e a perda de aquíferos.

Segundo a SOS Mata Atlântica, o Paraná preserva hoje apenas 0,8% da cobertura original do bioma. Em oito décadas, a floresta que cobria um terço do estado foi quase exaurida, com perdas estimadas de 3 a 6 mil hectares por ano em média.

A ocupação do solo em Rio Bonito do Iguaçu reflete essa mudança estrutural. Em 1985, a paisagem era majoritariamente florestal, com 56,8% de cobertura, 35,5% de agropecuária, 7,7% de água e 0,1% de área não vegetada. Em 2024, a agropecuária avançou para 67,9%, a floresta caiu a 24%, a água ficou em 7,6% e a área não vegetada a 0,5%.

O Simepar informou que três tornados atingiram o Paraná na noite de sexta. Em Rio Bonito do Iguaçu, rajadas variaram de 300 a 330 km/h. Em Guarapuava, o distrito de Entre Rios registrou até 250 km/h e, em Turvo, as rajadas chegaram a 200 km/h. A combinação de calor intenso, alta umidade e mudanças bruscas na direção dos ventos criou o ambiente propício para a formação dos tornados.

A Secretaria de Estado da Saúde contabiliza 835 atendimentos a feridos e informa que 21 pessoas seguem internadas. São 13 em Guarapuava, cinco em Laranjeiras do Sul e três em Cascavel. O Corpo de Bombeiros não tem mais buscas em andamento.

Com informações de Jornal Plural.

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