Mensagens extraídas dos celulares do traficante Michael Silva, conhecido como “Neymar do PCC”, revelam a existência da “Sintonia Final do Resumo”, núcleo apontado por investigadores como um setor de recursos humanos da facção. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, esse núcleo padroniza diretrizes internas, faz cadastro de integrantes, acompanha pagamentos às células regionais, cobra levantamento de mortos e coordena expansão territorial. O material foi obtido em inquérito que levou à prisão de Michael Silva em agosto de 2024 e à denúncia do Ministério Público de São Paulo, em julho deste ano, por organização criminosa e tráfico de drogas com agravante de liderança. A defesa nega os crimes, diz que a investigação é “desastrosa” e promete contestar nulidades.
O que o núcleo faz, segundo as mensagens
A documentação aponta que a “Sintonia Final do Resumo” atua na “manutenção da ordem, hierarquia e controle” do grupo, inclusive por meio de um “tribunal” interno. Há registro de ameaças a quem entre em conflito com interesses da facção (comerciantes, políticos e moradores em áreas dominadas), segundo a investigação. Entre as rotinas identificadas estão:
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Diretrizes eleitorais: em julho de 2024, a orientação disseminada por Michael Silva foi a de que cada comunidade deveria apoiar o candidato que trouxesse mais vantagens locais, “independentemente do partido”. As diretrizes para 2026 estariam “em estudo”.
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Regras de venda: comunicados advertiram para “delivery irregular” de drogas em áreas com pontos de venda já estabelecidos (“biqueiras”), citando descontentamento de responsáveis por territórios.
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Cadastro e “protocolo de retorno”: o setor mantinha fichas de integrantes e procedimentos para readmissão de membros perdoados. Houve cobrança formal de levantamento de óbitos, listando apelido (“vulgo”), origem (“quebrada”) e se foi ação policial.
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Pagamentos e células: a estrutura centralizava repasses para as divisões regionais (“células”), padronizando controle financeiro.
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Expansão: mensagens descrevem movimentação para o Rio de Janeiro, inclusive no Complexo da Maré, com diálogo indicando contato com o Terceiro Comando Puro (TCP) para enfrentar o Comando Vermelho (CV). Expressões como “remanejamento” e “Bora revolucionar o Rio” aparecem nos registros.
Como o material foi obtido
De acordo com a investigação, celulares “sujos” (registrados em nome de terceiros) eram usados para tratar do dia a dia da quadrilha. Na prisão de agosto de 2024, a polícia apreendeu carro, joias, balança de precisão e os aparelhos. Um mês antes, Michael teria instruído um subordinado a destruir três telefones e jogá-los no Rio Tietê.
Situação processual
Em julho de 2025, o MP-SP denunciou Michael Silva por organização criminosa e tráfico, com agravante de liderança. A defesa afirma que ele é inocente e que a apuração tem nulidades a serem discutidas em juízo. O processo segue em andamento.
Com informações de O Globo.
