A Polícia Civil do Paraná (PCPR) concluiu nesta quinta-feira (9) o inquérito sobre a explosão que matou nove funcionários da Enaex Brasil, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. O acidente ocorreu no dia 12 de agosto deste ano.
Segundo a delegada Gessica Andrade, responsável pela investigação, não houve crime doloso ou culposo por parte de funcionários ou gestores diretos, mas foram identificadas falhas estruturais e sistêmicas na gestão de risco da empresa que contribuíram para a tragédia.
“Relatos de trabalhadores e documentos internos revelam um processo de trabalho que beira o rudimentar, altamente dependente da ação humana e de ajustes improvisados, até mesmo em comparação com outras áreas da própria empresa”, afirmou a delegada.
A apuração reuniu depoimentos de funcionários, imagens de monitoramento, relatórios técnicos da empresa, laudos periciais oficiais e conversas corporativas obtidas em e-mails institucionais. O conjunto de provas revelou um cenário de vulnerabilidade operacional na planta industrial.
Equipamentos antigos e falhas no controle térmico
Entre os problemas constatados pela polícia estavam equipamentos antigos, sinais de corrosão acentuada e dificuldades recorrentes no controle térmico da mistura explosiva. Também foram identificadas denúncias internas de risco, feitas por funcionários em uma plataforma corporativa, além de registros de incidentes anteriores semelhantes.
A delegada destacou que, embora não tenha sido possível imputar responsabilidade penal individual, a investigação apontou fragilidades na cultura de segurança da empresa.
Causa provável da explosão
De acordo com o laudo da Polícia Científica do Paraná (PCIPR), o epicentro da explosão foi o Edifício 44, setor onde era produzido o booster, um tipo de explosivo composto por pentolite — mistura de nitropenta e TNT.
A perícia concluiu que o acidente foi causado pelo atrito das pás do misturador com pentolite parcialmente solidificado em razão das baixas temperaturas registradas na manhã do incidente.
O frio intenso, associado a falhas no controle térmico e a um ajuste excessivo de torque do equipamento, teria gerado energia mecânica suficiente para a detonação.
Conclusão do inquérito
Com base nas provas reunidas, a PCPR descartou responsabilidade penal direta dos trabalhadores e apontou que o caso foi resultado de falhas técnicas, de manutenção e de gestão de risco.
O relatório final foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que analisará se há elementos para novas medidas cíveis ou administrativas contra a empresa.
Com informações de TN Online.















