A morte de Valdemar Both, de 53 anos, no distrito de Palma, em Santa Maria-RS, após abordagem de uma patrulha da Brigada Militar (BM), tem gerado grande repercussão e protestos, especialmente entre os moradores da região. O agricultor foi baleado e morto durante uma fiscalização relacionada a um suposto crime ambiental, o que levou à instauração de um inquérito policial para apurar as circunstâncias da tragédia.
De acordo com a BM, a abordagem ocorreu enquanto Both estava cortando lenha em sua propriedade, utilizando motosserras e serra circular, o que levantou suspeitas de irregularidade na comercialização de produtos florestais. A fiscalização, inicialmente para apurar a falta de licenciamento ambiental, rapidamente escalou após o agricultor, armado com um machado, ter reagido à presença policial. A reação levou os policiais a alegarem legítima defesa, resultando no uso de força letal, com três disparos atingindo o agricultor.
No entanto, a família de Valdemar contesta a versão oficial. Em depoimentos, o filho Gabriel Both relatou que o pai atuava dentro da legalidade, comprando eucaliptos para a produção e revenda de lenha, sem a necessidade de autorização ambiental para o tipo de produto que comercializava. O advogado da família também reforça que todos os equipamentos usados, incluindo as motosserras, estavam legalizados.
Imagens registradas durante a abordagem mostram Both discutindo com os policiais, que, segundo a BM, foram surpreendidos com golpes do machado. O momento culminante da abordagem foi registrado em vídeo, no qual é possível ouvir os disparos e ver o agricultor caindo no chão após ser atingido. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas Valdemar já estava sem vida quando chegou ao local.
A Brigada Militar afirmou que o caso está sendo tratado com seriedade, e os dois policiais envolvidos foram afastados temporariamente enquanto o inquérito policial militar (IPM) apura os detalhes. O delegado Adriano de Rossi, responsável pela investigação, afirmou que as imagens e depoimentos serão analisados para determinar a legalidade da ação policial e verificar se houve excessos.
Enquanto isso, o caso segue gerando tensão e questionamentos sobre a resposta da autoridade policial em situações como essa. A família e a comunidade local aguardam respostas, enquanto a investigação continua. O sepultamento de Valdemar ocorreu na tarde de quinta-feira (3), no cemitério de Vista Gaúcha, deixando uma onda de indignação e tristeza entre os conhecidos e amigos.