Relatórios da Delegacia de Repressão a Entorpecentes apontam que, a partir da quebra de sigilo de Washington César Braga da Silva, o Grandão, surgiu uma conversa em que o major Ulisses Estevam envia a foto de um veículo e pede auxílio para recuperá-lo no Morro da Fé, na Penha. “Preciso recuperar. Carro do 01. Esse eu tenho que resolver”, escreveu o oficial. O carro havia sido roubado em 26 de abril e foi localizado três dias depois. A Polícia Militar ainda não se manifestou.
A apuração indica que Grandão acionou administradores de um grupo intitulado “CPX da Penha” para rastrear o automóvel. Documentos internos mostram o major lotado como gestor estratégico na 5ª UPP/23º BPM, na área da Rocinha, com remuneração recente de R$ 26,6 mil.
No mesmo inquérito, Grandão é descrito como responsável por negociar o chamado “arrego” com policiais das UPPs para reduzir a repressão ao tráfico. Ele também coordenaria escalas de “soldados” nas ruas e a realização de bailes funks, mantendo linha exclusiva para tratar com PMs que recolheriam a propina. Fotos de anotações obtidas pela investigação registram despesas do tráfico que somam R$ 39 mil, com o “arrego” listado em R$ 4,5 mil.
A estrutura do Comando Vermelho na região, segundo os investigadores, tem no topo Edgard Alves de Andrade, o Doca ou Urso, e Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala. Em seguida, aparecem Carlos Costa Neves, o Gadernal, e Washington César Braga da Silva, o Grandão, como gerentes gerais. Um terceiro nível reúne gerentes de pontos de venda e responsáveis por áreas, com grupos de WhatsApp usados para coordenar rotinas e ordens.
Doca permanece foragido, com 26 mandados de prisão em aberto e longa ficha de investigações. Gadernal é apontado como “general” do planejamento e da segurança. Grandão, como gestor operacional, seria o elo entre a base e a cúpula. A polícia atribui à troca de mensagens e aos registros contábeis parte das provas que embasaram a megaoperação da última terça-feira.
Com informações de Extra.
















