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Justiça mantém prisão de servidora suspeita de desviar 220 armas da delegacia de BH para facções

Foto: Reprodução

A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu uma servidora pública suspeita de repassar armas apreendidas ao crime organizado. A Justiça manteve a prisão de Vanessa de Lima Figueiredo, 44 anos, após audiência de custódia nesta terça-feira, 11, em Belo Horizonte.

O caso veio à tona quando agentes apreenderam uma arma e não conseguiram cadastrá-la no sistema porque já constava sob custódia da polícia. A partir disso, a Corregedoria identificou o desaparecimento de cerca de 220 armas que eram guardadas na 1ª Delegacia do Barreiro, instalada em um imóvel sem grades ou cercas.

Segundo as investigações, câmeras de segurança registraram a servidora retirando material da unidade. A defesa afirma que os vídeos mostram apenas a entrada e a saída de Vanessa com sua bolsa, sem armamentos, e considera a prisão desproporcional. Buscas foram feitas em dois endereços dela, nos bairros Salgado Filho e Teixeira Dias. No local da prisão havia um cofre com invólucros da perícia. Interlocutores ouvidos pela apuração relatam a compra de dois carros de alto padrão e procedimentos estéticos com dinheiro do crime. Parte das armas teria sido vendida a organizações criminosas, como o Terceiro Comando Puro.

Vanessa é servidora efetiva, aprovada em concurso de 2013 e nomeada em 2014 para o cargo de analista. Atuou em delegacias de Divinópolis e no Detran-MG, sendo transferida em 2020 para a delegacia do Barreiro. De acordo com o Portal da Transparência, recebeu salário bruto de R$ 7,5 mil em setembro deste ano. Ela foi encaminhada ao Presídio Feminino José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves.

O Sindpol-MG atribui o episódio à ausência de Centrais de Cadeia de Custódia previstas na Lei 13.964/2019, que deveriam concentrar materiais apreendidos sob gestão da perícia oficial. A entidade afirma que a falta dessas centrais facilita extravios e dificulta o controle. A Polícia Civil diz que todos os materiais são armazenados conforme resolução própria e legislação vigente, e que a Corregedoria apura eventual venda do armamento a facções.

Para o Instituto Sou da Paz, furtos como o registrado em BH são duplamente danosos porque anulam o esforço policial e reabastecem o crime. A entidade defende o envio rápido de armas sem vinculação judicial para destruição após laudo, além de gestão permanente dos depósitos com protocolos de acesso controlado e segurança física compatível.

A defesa de Vanessa sustenta que não há indício concreto que justifique a prisão preventiva e informou que pleiteará liberdade provisória. A investigação segue em estágio avançado sob responsabilidade da Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais.

Com informações de G1.

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