Ex-diretores da Cooperativa Agroindustrial de Londrina (Cativa) firmaram um acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e deverão devolver R$ 18,2 milhões aos cooperados, após confessarem participação em um esquema de desvio de recursos. A medida integra a Operação Proteus, conduzida pelo Gaeco, que apurou crimes como apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
O valor será restituído por meio da entrega de uma fazenda de mais de 200 alqueires, avaliada em cerca de R$ 10 milhões, além de veículos, imóveis em construção e dinheiro em espécie. Segundo o promotor de Justiça Leandro Antunes, este é o maior ressarcimento já firmado em Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) da história do Gaeco em Londrina e um dos maiores do Paraná.
Como funcionou o esquema
As investigações apontam que parte da cúpula da cooperativa se apropriou de valores provenientes da venda de ativos da Confepar, em 2021, quando a área de laticínios foi negociada com uma multinacional francesa por R$ 118 milhões. De acordo com o MP, R$ 18 milhões acabaram desviados por meio de empresas de fachada em nome de laranjas.
Para justificar as saídas do caixa, os ex-diretores emitiram notas fiscais falsas de serviços de corretagem e intermediação que nunca foram prestados. Após os desvios, os investigados compraram imóveis de luxo, fazendas e veículos de alto padrão.
O acordo
Ao todo, 20 investigados confessaram o crime. Catorze deles já haviam fechado acordo em maio, comprometendo-se a devolver R$ 1,4 milhão. Agora, outros seis assinaram novo pacto, elevando o valor total de restituição para mais de R$ 18 milhões.
As condições incluem:
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pagamento de R$ 1,9 milhão em prestação pecuniária para entidades beneficentes;
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renúncia aos cargos na cooperativa e proibição de se candidatar a funções eletivas por oito anos;
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comparecimento mensal em juízo para justificar atividades;
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restrição de viagens sem autorização judicial;
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pagamento de indenização de R$ 75 mil por danos morais a uma vítima usada como laranja em empresa fantasma.
O que acontece agora
Os acordos ainda precisam ser homologados pela 2ª Vara Criminal de Londrina. Caso os investigados descumpram qualquer condição, os benefícios são cancelados e eles passam a responder em ação penal.
Segundo o MP, cerca de 10 mil cooperados foram prejudicados. A expectativa é que parte significativa dos valores desviados seja reintegrada ao patrimônio da cooperativa, minimizando os impactos do rombo.
A Cativa informou, em nota, que segue colaborando com as investigações e que mantém suas atividades normalmente, em respeito aos produtores, fornecedores e aos mais de 60 anos de história da instituição.
Com informações de G1.