O governo dos Estados Unidos anunciou que começará a revogar “agressivamente” os vistos de estudantes chineses. A medida foi confirmada nesta quarta-feira (28) pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que afirmou que o Departamento de Estado atuará em conjunto com o Departamento de Segurança Interna para implementar a nova diretriz.
Segundo Rubio, a revogação atingirá principalmente estudantes ligados ao Partido Comunista Chinês e aqueles matriculados em áreas consideradas “críticas” pelo governo americano — embora não tenha especificado quais seriam essas áreas.
O anúncio surge em meio a um cenário de crescente tensão entre as duas maiores economias do mundo. O número de estudantes chineses nos EUA já vinha em queda: de um pico de aproximadamente 370 mil em 2019 para cerca de 277 mil em 2024, segundo dados da agência Reuters.
Além da revogação de vistos já emitidos, os Estados Unidos vão endurecer a análise de futuras solicitações de vistos de estudantes da China e de Hong Kong. De acordo com a emissora TV Globo, fontes da embaixada dos EUA no Brasil confirmaram a suspensão temporária dos processos de solicitação, com consulados sendo instruídos a não realizar entrevistas até nova ordem.
Segundo o site Politico, o governo americano também estuda passar a avaliar as redes sociais de todos os candidatos a vistos de estudos, como parte do novo rigor estabelecido pela administração Trump.
Impacto atinge Harvard e gera batalha judicial
As novas diretrizes foram anunciadas poucos dias após outra medida controversa do governo Trump: a proibição de que a Universidade Harvard receba estudantes estrangeiros. A decisão do Departamento de Segurança Interna dos EUA, anunciada na quinta-feira (23), atingiria cerca de 7 mil alunos internacionais da instituição — o equivalente a um quarto do corpo estudantil.
A reitoria de Harvard respondeu com uma ação judicial e, no dia seguinte, o Tribunal Federal de Boston suspendeu a decisão. Em sua queixa, a universidade classificou a medida como uma “violação flagrante” da Primeira Emenda da Constituição dos EUA, além de outras leis federais.
“Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard”, afirmou a direção da universidade, fundada há 389 anos. “Com um golpe de caneta, o governo tentou apagar um quarto do corpo estudantil de Harvard — estudantes que contribuem significativamente para a universidade e sua missão.”
As tensões refletem não apenas questões diplomáticas, mas também uma crescente disputa ideológica e econômica entre Washington e Pequim, com reflexos diretos sobre o ambiente acadêmico e a política migratória americana.
Com informações de G1.