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Enforcamentos e tapas no rosto: crianças acolhidas em abrigo municipal de Maringá relatam agressões físicas

NUCRIA - Foto: Victor Ramalho

Crianças acolhidas no abrigo municipal de Maringá denunciaram ter sido vítimas de agressões físicas dentro da instituição. Os relatos, obtidos por meio de escutas especializadas conduzidas por psicólogas da Secretaria de Assistência Social, indicam episódios de enforcamento, tapas no rosto e contenções violentas praticadas por duas cuidadoras. Os depoimentos foram encaminhados ao Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), que instaurou um inquérito para apurar os fatos.

As investigações ocorrem em meio a uma crise no abrigo, que nos últimos dias registrou quatro fugas em apenas dois dias e um episódio de depredação na noite de terça-feira (27). Após o tumulto, as 26 crianças acolhidas foram transferidas para locais provisórios, com algumas sendo acolhidas por famílias voluntárias.

Em entrevista ao Maringá Post nesta quinta-feira (29), a delegada-chefe do Nucria, Karen Friedrich, confirmou que os depoimentos já estão sendo analisados. “Fomos até o abrigo municipal. As psicólogas realizaram dez escutas especializadas. Desses relatos, surgiram denúncias contra duas educadoras. Uma delas teria dado tapas no rosto, enforcado uma criança e, segundo uma testemunha, puxado o cabelo e segurado a vítima com força nos braços”, explicou.

A delegada destacou ainda que em um dos casos, a conduta da educadora pode ser interpretada como excesso de contenção. Em outro relato, uma criança de aproximadamente 10 anos, que apresentava hematomas nos braços, afirmou ter sido segurada com força enquanto tentava fugir do local. A polícia agora analisa se houve crime ou abuso no uso da força.

As crianças ouvidas têm entre 7 e 12 anos. Duas se recusaram a falar durante as escutas. Todos os depoimentos foram colhidos na presença de psicólogas da rede de proteção.

Além dos relatos infantis, servidores do abrigo também foram ouvidos e relataram problemas estruturais graves e falta de pessoal. “Assistente social, psicóloga e a diretora informaram dificuldades com déficit de funcionários e superlotação. O abrigo acolhe atualmente 26 crianças, número considerado acima da capacidade ideal, e algumas estão ali há anos, mesmo sendo um espaço para acolhimento provisório”, disse Karen.

O inquérito policial ainda está em andamento e não há prazo para sua conclusão. A delegada afirma que outros educadores serão ouvidos e novas diligências devem ser realizadas. “Seguimos colhendo depoimentos e reunindo elementos para esclarecer a gravidade e as circunstâncias das denúncias”, finalizou.

Com informações de Maringá Post.

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