Não é só a Panini, que comercializa o álbum de figurinhas da Copa do Mundo, que de quatro em quatro anos consegue um faturamento extraordinário. Prova disso é que em Curitiba diversos empreendedores estão se valendo de outro evento quadrienal para conseguir um complemento de renda: é a eleição presidencial, que move paixões equivalentes — ou até mais fortes, po serem ideológicas — àquelas envolvidas numa partida de futebol.
Com o pleito desde o seu início polarizado na disputa entre o atual presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comerciantes da capital paranaense estão aproveitando para lançar e vender diversos tipos de produtos com um teor mais político do que o usual. Entre os itens estão bandeiras, bonés, canecas, camisetas e toalhas que trazem os nomes e não raro também o rosto do candidato preferido do consumidor e eleitor.
Sócio-proprietário da Estampe Arte, Kalway Cardoso conta que sua empresa trabalhava até pouco tempo apenas com produtos personalizados. Ou seja, o cliente procurava a estamparia e encomendava uma arte para sua camiseta ou boné. Na medida em que a eleição foi se aproximando, no entanto, mais e mais pedidos de produtos envolvendo política foram chegando e Kalway percebeu uma oportunidade de negócio.
“Bastante gente começou a procurar e em Curitiba tinha pouca gente vendendo. Começamos daí a produzir mais camisas políticas e desde então aumentou bastante o faturamento. Inclusive, hoje só estou fazendo essas camisas, até porque a demanda cresceu muito depois dos comícios que aconteceram aqui, todo dia chega algum pedido”, comemora ele, que revela estar ainda na torcida para que se tenha um segundo turno na disputa presidencial para poder vender ainda mais. “Se tiver segundo turno, pra gente é melhor. Ajuda a dar uma alavancada”, explica.
Já Rosângela Cesarinni Oliveira está desde o início do período eleitoral, ainda no começo de setembro, vendendo bandeiras e toalhas com os rostos dos dois principais candidatos à presidência da República. Segundo ela, o comércio é uma renda extra, que ajuda ela a se manter e sustentar a família. “Tenho vendido as tolhas na internet e na rua, mas a principal saída é com as vendas na rua mesmo. Tenho vendido umas 20 por semana”, relata ela, que fica pelo Centro de Curitiba, geralmente próximo de praças.
O peruano Pedro Villanueva é mais um que aproveitou a onda política para faturar. Trabalhando como camelô próximo do Terminal do Guadalupe há cerca de dois meses, ele conta que conseguiu boas vendas principalmente em datas especiais, como o Dia da Independência e quando houve o comício dos dois principais candidatos na capital paranaense. Além disso, ele também faz um relato curioso, explicando o motivo de colocar os produtos de um candidato de um lado do camelô e o do outro candidato, do outro lado.
“Eu colocava os dois [Bolsonaro e Lula] do mesmo lado, mas aí dava briga. O pessoal vinha comprar e ficava reclamando que eles estavam juntos, do mesmo lado. Agora coloco assim, de um lado o Lula, do outro o Bolsonaro, para evitar confusão.”
Quem é o campeão das vendas: Bolsonaro ou Lula?
A pergunta que não quer calar, no entanto, é quem está vendendo mais em Curitiba: Bolsonaro ou Lula? E a resposta, aí, vai variar conforme o vendedor. Pedro Villanueva, por exemplo, relata que o comércio está bem parelho, dividido. “É 50/50. Também estão procurando muito as coisas do Brasil, como a camisa da Seleção. Como agora está perto da Copa do Mundo, também ajuda”, aponta o vendedor.
Rosângela Oliveira, por sua vez, comenta notar que o apoio a Bolsonaro é maior em Curitiba. “As toalhas do Bolsonaro vendem mais que as do Lula. Inclusive, o meu estoque de produtos do Bolsonaro está quase no fim”, alerta ela aos possíveis interessados.
Já Kalway Cardoso revela que desde o início das vendas a demanda maior que tem tido é por produtos relacionados a Lula. “Bastante gente quer [as camisetas políticas], até pela disputa que está tendo entre os dois [Lula e Bolsonaro]. E a procura tem sido só por produtos dos dois mesmo. Para mim, aliás, só saiu coisa do Lula. Do Bolsonaro até fizemos estampas para vender, mas não deu muito certo ainda.”
No dia da eleição — No dia 2 de outubro, primeiro turno das eleições, mais de 156 milhões de eleitores estarão aptos a comparecer às urnas para eleger o presidente da República, governadores, senadores e deputados federais, estaduais e distritais. O eleitor pode consultar com antecedência o local de votação e evitar eventuais transtornos.
No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o cidadão pode fazer a busca, devendo informar o número do CPF ou do título de eleitor, a data de nascimento e o nome da mãe. O resultado indicará os números da zona eleitoral, da seção eleitoral e o endereço do local de votação.