A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) enfrenta uma de suas maiores crises institucionais dos últimos anos. Após a destituição de Ednaldo Rodrigues da presidência da entidade pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), 19 das 27 federações estaduais de futebol divulgaram na noite desta quinta-feira (9) um manifesto pedindo “renovação, estabilidade e descentralização” na gestão do futebol nacional – sem qualquer menção ao nome de Ednaldo, que perdeu apoio expressivo.
O documento, intitulado “Manifesto pela Estabilidade, Renovação e Descentralização do Futebol Brasileiro”, representa o primeiro movimento político concreto rumo à definição de um novo presidente da CBF. O grupo inclui federações que, até recentemente, apoiavam fortemente Ednaldo, inclusive durante sua eleição em março deste ano, quando recebeu votos de todas as 27 federações e de clubes das Séries A e B.
O manifesto surge poucas horas após a decisão judicial que retirou Ednaldo do cargo. O TJ-RJ nomeou Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, como interventor provisório com a missão de convocar novas eleições no prazo de 30 dias.
Renovação sem volta
No texto, os presidentes das 19 federações signatárias afirmam que o futebol brasileiro vive um momento decisivo e que é urgente enfrentar desafios que travam o crescimento do esporte há anos. Eles citam calendário desequilibrado, arbitragem amadora, gramados ruins, insegurança nos estádios e enfraquecimento das competições como questões centrais a serem resolvidas.
Os dirigentes ainda apontam que a atual CBF sofre com “estrutura excessivamente centralizada e desconectada” das realidades locais, além de criticar a judicialização crônica da entidade.
“É também momento de resgatar a autonomia interna da CBF […] Precisamos virar a atual página de judicialização e instabilidade que há mais de uma década compromete o bom funcionamento da entidade”, diz o texto.
Sem citar nomes de possíveis candidatos, o grupo declara apoio à construção de uma candidatura única para presidente e vice-presidentes da CBF, comprometida com uma nova era: mais democrática, participativa, transparente e profissional.
Nos bastidores, o nome de Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense, começa a ganhar força como possível liderança do novo bloco.
Federações ausentes
Oito federações não assinaram o manifesto: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso e Amapá. Parte dessas entidades ainda não se manifestou publicamente sobre o afastamento de Ednaldo ou sobre as eleições que se aproximam.
Com o prazo apertado de 30 dias para uma nova eleição e uma base significativa buscando mudança, a disputa pela presidência da CBF promete ser intensa. A entidade que comanda o futebol mais vencedor do planeta agora busca reencontrar estabilidade em meio a uma das suas maiores turbulências políticas.