A fumaça branca surgiu da Capela Sistina nesta quinta-feira (8), anunciando ao mundo a eleição do novo papa. O cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi escolhido como o 267º pontífice da Igreja Católica e adotará o nome de Leão XIV. Ele sucede o papa Francisco e se torna o primeiro papa nascido nos Estados Unidos, além de ser o primeiro pontífice oriundo de um país de maioria protestante.
A escolha de Prevost foi confirmada por ao menos 89 dos 133 cardeais presentes no conclave — número que representa dois terços dos votos necessários. O anúncio oficial foi feito no Vaticano por volta das 14h15 (horário de Brasília).
Trajetória marcada pela América Latina
Nascido em Chicago, Prevost teve uma carreira eclesiástica marcada por sua atuação na América Latina, especialmente no Peru, onde viveu por mais de uma década em missões religiosas. Foi em solo peruano que ele iniciou seu ministério missionário em 1984, passando por cidades como Piura e Trujillo durante o turbulento período do governo Fujimori.
Prevost também atuou como administrador da Diocese de Chiclayo, onde foi ordenado bispo em 2014. Sua liderança o levou a ocupar importantes cargos no Vaticano, como prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.
Perfil: reformista, discreto e experiente em direito canônico
Com formação em teologia e direito canônico, Prevost é visto como um religioso discreto, de fala tranquila, mas com perfil reformista, alinhado à linha de abertura promovida pelo papa Francisco. Sua nomeação como cardeal ocorreu em 2023, menos de dois anos antes de sua eleição como papa — fato raro na Igreja moderna.
Durante a internação de Francisco, foi Prevost quem liderou a oração pública no Vaticano, em gesto que reforçou sua ligação próxima com o pontífice anterior.
Controvérsias e posicionamentos
O novo papa inicia seu pontificado sob escrutínio. Ele foi acusado de acobertar casos de abuso sexual envolvendo dois padres no Peru. As denúncias vieram à tona em 2023, e, segundo relatos, Prevost encaminhou as queixas ao Vaticano, que ainda não concluiu a investigação. A diocese nega omissão e afirma que os protocolos da Igreja foram seguidos.
Leão XIV também já expressou críticas públicas à comunidade LGBTQIA+. Em 2012, antes de ser nomeado cardeal, criticou o “estilo de vida homossexual” e “famílias alternativas” em declarações que geraram repercussão negativa. No Peru, também se posicionou contra o ensino de conteúdos relacionados a gênero nas escolas.
Outro ponto de destaque foi sua postura política. Nas redes sociais, o novo papa criticou abertamente a política de imigração de Donald Trump, bem como declarações recentes do atual vice-presidente americano, JD Vance. Em postagens no X (ex-Twitter), Prevost demonstrou preocupação com deportações irregulares e a retórica anti-imigrante nos EUA.
Apesar disso, Trump parabenizou o novo papa em sua rede Truth Social:
“Parabéns ao cardeal Robert Francis Prevost, que acaba de ser nomeado papa. É uma grande honra saber que ele é o primeiro papa americano. Que emoção e que grande honra para o nosso país. Estou ansioso para conhecer o papa Leão XIV.”
O conclave
O conclave teve início na quarta-feira (7) com a presença de 133 cardeais eleitores, incluindo sete brasileiros. Após três votações com fumaça preta, o consenso foi alcançado na quarta rodada, no início da tarde de quinta. A fumaça branca foi avistada às 13h07 (horário de Brasília), selando o nome de Leão XIV como novo chefe da Igreja Católica.