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Como foi a investigação das primeiras mortes por oropouche do mundo

Após a confirmação na Bahia dos dois primeiros casos documentados de morte por febre oropouche no mundo, a Secretaria de Saúde baiana informou que não há nenhum outro óbito suspeito pela doença sendo investigado no estado.

As duas mortes, ocorridas em março e maio deste ano, foram confirmadas apenas agora em julho, primeiro pela Secretaria de Saúde da Bahia e depois em uma análise paralela feita pelo Ministério da Saúde, nesta quinta-feira (25).

A Coordenadora de Doenças de Transmissão Vetorial da secretaria, Sandra Oliveira, explicou que o longo processo envolveu especialistas de várias entidades de pesquisa em saúde, médicos especialistas, que formaram a Câmara Técnica Estadual da Diretoria de Vigilância Epidemiológica. Tudo acompanhado pelo Ministério da Saúde.

“Esse processo investigativo, ela realizou todas as informações não só do aspecto clínico, mas também no aspecto laboratorial e de território, para entendermos a questão se presença de vetor, no quesito da parte de entomologia. Então foi feito todo um processo investigativo de forma criteriosa e minuciosa, sendo redundante, justamente para que nos garantisse todas as análises e chegássemos a uma conclusão de forma cautelosa, mas precisa”.

Desde a suspeita do primeiro óbito pela doença, as equipes de Vigilância à Saúde da Bahia mantiveram contato com o Ministério, informando todos os pontos do processo de investigação epidemiológica.

Os técnicos de Vigilância em Saúde da Secretaria baiana informaram que as pacientes apresentaram um início abrupto de febre, dor de cabeça, dor retro orbital e mialgia, que rapidamente evoluíram para sintomas graves, incluindo dor abdominal intensa, sangramento e hipotensão.

Posteriormente, as mesmas causas foram confirmadas pela Câmara Técnica Estadual da Diretoria de Vigilância Epidemiológica. Esta, por sua vez, também investigou aspectos clínicos, como laboratorial e o descarte de outras doenças.

Foi feita entrevista domiciliar e coleta de informações nos prontuários médicos e também entrevista com os médicos que atenderam os pacientes. Além disso, ainda foi realizada análise do genoma do vírus, com identificação do material genético do vírus da oropouche.

O desafio agora para a Saúde do Governo da Bahia é apurar se a morte do feto com malformação, de uma gestante de 31 anos no 26º mês, diagnosticada com febre oropouche, tem alguma relação.

Outros casos de grávidas com a doença e que perderam seus bebês estão sendo investigados no estado de Pernambuco. Os registros envolvem desde malformação do feto até aborto espontâneo.

A transmissão vertical do vírus da febre oropouche da mãe infectada para o feto durante a gestação já é confirmada desde os primeiros surtos identificados aqui no país. Inclusive, segundo a Organização Pan-americana de Saúde, até o momento, o Brasil é o único país a relatar possíveis casos de transmissão de oropouche de mãe para feto durante a gravidez.

Os estudos dos fetos na Bahia e em Pernambuco podem ajudar a afirmar se as mortes, os abortos espontâneos e a anomalias congênitas fetais, como microcefalia, foram causadas diretamente pelo vírus. Essa relação não é confirmada pela literatura científica mundial até o momento.

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