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Briga por penduricalhos: membros do Ministério Público de SP receberam média de R$ 62 mil por mês em 2024, aponta levantamento

Foto: Folha Press

Um levantamento da Transparência Brasil revelou que o Ministério Público de São Paulo (MPSP) pagou, em média, R$ 61,8 mil por mês a cada membro da instituição em 2024 — valor 35% acima do teto constitucional, que é de R$ 46,3 mil, equivalente ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). No total, o órgão paulista desembolsou R$ 426 milhões acima do teto apenas no último ano.

A divulgação ocorre em meio à polêmica envolvendo mensagens trocadas por promotores e procuradores em um grupo de WhatsApp com mais de 500 integrantes, onde discutiam o pagamento de penduricalhos e demonstravam insatisfação com os vencimentos em comparação aos de magistrados.

Penduricalhos e pagamentos extras

Segundo o estudo, que analisou dados de 25 unidades do Ministério Público — entre elas 21 estaduais e quatro da União —, o conjunto das instituições pagou R$ 2,3 bilhões acima do teto constitucional em 2024. Desse total, 77% dos membros receberam mais de R$ 100 mil além do limite legal durante o ano.

O relatório mostra que o MP Militar (MPM) foi o único órgão do país que não registrou pagamentos acima do teto. Já o MP do Rio de Janeiro liderou o ranking, com média mensal de R$ 76,2 mil por membro, seguido por MP do Acre e do Espírito Santo. O MPSP aparece na 11ª posição, com média de R$ 61,8 mil.

Os chamados penduricalhos, como licença-compensatória, gratificação por exercício cumulativo e cumulação de acervo, representaram R$ 687,4 milhões em despesas adicionais. Esses pagamentos cresceram após o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) autorizar, em 2022, o pagamento retroativo desses benefícios referentes ao período entre 2015 e 2023 — o que gerou boladas superiores a R$ 1 milhão para alguns promotores.

Briga interna e disputas políticas

As mensagens divulgadas pelo site Metrópoles revelam que membros do MPSP discutiam, em tom de desabafo, a “disparidade social e financeira” em relação aos juízes do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Em um dos trechos, um promotor ironiza colegas ao perguntar se “já haviam passeado de Porsche” naquele dia, comparando o padrão de vida dos magistrados com o dos promotores.

Em outro momento, integrantes do grupo afirmam que os penduricalhos seriam uma “defesa contra o arrocho salarial”, e que buscavam “equiparação já” com o TJSP — nome, aliás, do próprio grupo de WhatsApp.

Um dos promotores chegou a ser hostilizado por colegas após ingressar com uma ação no STF pedindo a suspensão de um desses pagamentos. Nas mensagens, ele foi chamado de “idealista”, “mesquinho” e “ingênuo” por outros membros do grupo.

Entre os nomes citados está o do procurador Márcio Sérgio Christino, que confirmou fazer parte do grupo, mas negou autoria das mensagens e atribuiu o vazamento à disputa eleitoral interna no MPSP.

“Lamento profundamente a publicação de comentários cuja origem e teor desconheço. […] O Ministério Público está em época de disputas eleitorais e sou candidato. É evidente a intenção de interferir no processo”, declarou Christino ao Metrópoles.

Ranking dos salários médios mensais nos MPs (valores brutos)

  1. MPRJ – R$ 76.240,69

  2. MPAC – R$ 75.326,10

  3. MPES – R$ 74.773,51

  4. MPRO – R$ 74.393,11

  5. MPMA – R$ 66.483,62

  6. MPAM – R$ 66.348,61

  7. MPMG – R$ 66.307,14

  8. MPAL – R$ 66.030,11

  9. MPMT – R$ 65.810,21

  10. MPGO – R$ 64.599,30

  11. MPSP – R$ 61.806,47

  12. MPCE – R$ 61.431,40

  13. MPSE – R$ 60.883,19

  14. MPPE – R$ 60.170,29

  15. MPRN – R$ 57.797,69

  16. MPPR – R$ 56.221,05

  17. MPBA – R$ 55.877,38

  18. MPF – R$ 54.303,67

  19. MPRS – R$ 53.278,18

  20. MPPB – R$ 53.564,26

  21. MPAP – R$ 53.511,48

  22. MPPI – R$ 52.149,18

  23. MPT – R$ 50.445,13

  24. MPDFT – R$ 46.436,47

  25. MPM – R$ 43.677,03

Com informações de Metrópoles.

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