Árbitro relata suposto pedido de jogador do Maringá para levar amarelo;
Foto: Maringá FC
O empate em 1 a 1 entre Maringá FC e Botafogo-PB, no último domingo (19), pela sexta rodada da Série C do Campeonato Brasileiro, ganhou contornos inesperados fora das quatro linhas. A súmula da partida trouxe um relato incomum: segundo o árbitro Carlos Tadeu Ferreira de Castro, um jogador do Maringá teria manifestado a intenção de ser advertido com um cartão amarelo — supostamente para cumprir suspensão enquanto se recupera de lesão.
O zagueiro Ronald Eugênio, que estava no banco de reservas, foi citado no relatório como o autor do pedido, feito por meio do delegado da partida, Fábio Henrique Gustalla Ferreira dos Santos. Segundo a súmula, o delegado teria dito à arbitragem, durante o planejamento pré-jogo:
“Um atleta que estará no banco de reservas do Maringá pediu para avisar que quer tomar cartão. Ele quer saber se precisa fazer algo ou não.”
A arbitragem, de acordo com o relato, respondeu que aplicaria as sanções conforme as regras do jogo, deixando claro que não interferiria em nenhuma tentativa deliberada de punição.
Relato do árbitro Carlos Tadeu Ferreira de Castro, com suposto diálogo entre delegado da partida e o zagueiro Ronald, do Maringá — Foto: Reprodução/CBF
Curiosamente, aos 34 minutos do segundo tempo, Ronald recebeu cartão amarelo por invadir o gramado durante a comemoração do gol de empate do Maringá. O jogador estava pendurado e, com a advertência, cumpre suspensão automática na próxima rodada, contra o Anápolis.
Negativas e versões distintas
Após a repercussão, tanto o jogador quanto o delegado negaram que tenha havido qualquer pedido direto. Em nota complementar ao relatório, Fábio Gustalla afirmou que não conversou com Ronald nem com nenhum outro atleta, e que sua fala foi mal interpretada pela arbitragem. Segundo ele, apenas alertou que o atleta estava lesionado e pendurado, e que, caso houvesse comportamento atípico, poderia haver intenção de forçar o cartão.
“Foi um comentário geral no planejamento da arbitragem. Aparentemente, houve um mal-entendido. Nunca falei com o jogador”, explicou o delegado.
Observação do delegado da partida entre Maringá e Botafogo-PB — Foto: Reprodução/CBF
O Maringá FC também se posicionou. Em contato com o portal ge, o clube informou que o atleta nega veementemente o suposto pedido e que buscará esclarecer o ocorrido junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Tensão após o apito final
A partida ainda teve um episódio de tensão extra. O CEO do Botafogo-PB, Alexandre Gallo, invadiu o campo ao fim do jogo, cumprimentou os árbitros e afirmou que notificaria a CBF sobre a condução da arbitragem, dizendo inclusive que o árbitro principal “não apitaria mais jogos do clube”.
O que pode acontecer agora?
A CBF ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. O episódio lança luz sobre o cuidado necessário na comunicação nos bastidores do futebol profissional e levanta questões sobre ética, conduta esportiva e interpretação de comportamento disciplinar dentro e fora de campo.
Ronald, um dos pilares da defesa maringaense, atuou em 22 dos 26 jogos da equipe na temporada. O Maringá ocupa a quarta colocação da Série C, com 11 pontos, e segue firme na briga pelo acesso.