Depois de sofrer uma derrota política com a derrubada da Medida Provisória que substituiria o aumento do IOF, o governo Lula iniciou uma série de exonerações de indicados do Centrão em cargos estratégicos de segundo escalão. As demissões atingem nomes ligados ao PP, PSD, MDB e União Brasil, mas preservam aliados diretos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A medida foi articulada pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e recebeu aval direto de Lula, que determinou um “pente-fino” nas indicações consideradas infiéis ao Planalto. O movimento é visto como retaliação aos parlamentares que atuaram contra o governo na votação da MP — que acabou retirada de pauta na última quarta-feira (8).
Foram exonerados indicados em órgãos como a Caixa Econômica Federal, a Codevasf, o Iphan, o Dnit e superintendências regionais do Ministério da Agricultura.
Cargos atingidos e reação dos partidos
Do União Brasil, foram dispensados Lena Carolina Brandão, irmã do líder do partido na Câmara, Pedro Lucas (MA), que ocupava a superintendência do Iphan no Maranhão, e Harley Xavier Nascimento, indicado pelo deputado Arthur Maia (BA) para a Codevasf.
Pelo PP e PL, as exonerações alcançaram José Trabulo Júnior, consultor da presidência da Caixa, e Paulo Rodrigo de Lemos Lopes, vice-presidente de Sustentabilidade do banco.
Já o MDB perdeu Igo Gomes Brasil, superintendente do Dnit em Roraima, indicado pela deputada Helena Lima (RR), que contrariou a orientação da legenda ao votar contra o governo.
No PSD, quatro superintendentes do Ministério da Agricultura — em Minas Gerais, Maranhão, Paraná e Pará — foram afastados. A cúpula do partido, liderada por Gilberto Kassab, demonstrou irritação com o Planalto, afirmando que as exonerações foram feitas sem comunicação prévia.
“O governo parece esquecer que o PSD tem sido um dos partidos mais fiéis nas votações importantes. Essa retaliação não faz sentido”, afirmou um deputado da bancada.
Foco político e risco de reação
Segundo auxiliares presidenciais, o episódio serviu como “linha de corte” para identificar quem está com o governo mirando 2026. A intenção, afirmam, é consolidar uma base mais leal para o segundo biênio do mandato.
Por outro lado, líderes do Centrão reagiram com críticas e ameaças veladas de pautar “projetos-bomba” que poderiam pressionar as contas públicas.
“Não é lógico bater nos aliados num Congresso já arredio. Se o governo acha que não precisa da Câmara, que conte com o Senado e o Judiciário”, afirmou um parlamentar, em tom de advertência.
Apesar da tensão, o Planalto evita um rompimento direto com Lira e mantém a presidência da Caixa sob controle do aliado alagoano, interpretando sua ausência na votação como gesto de neutralidade.
Nos bastidores, a mensagem do governo é clara: quem quiser continuar na base, precisa mostrar fidelidade nas próximas votações.
Com informações de G1.















